ISHING
A Ciphra da Lua Negra

Clique para ver a capa

01. Angústias e Guerras (Intro)
02. Redenção
03. Poltergeist - A Mensagem Distorcida
04. We Goin' to Hell
05. Dor
06. Vozes do Pânico
07. O Meu Habitat
08. My Enemies...
09. Terror Punchlinez
10. Sou...
11. Dah Trainnin' (Outro)

Insanidade Social Hoje Inspira Náuseas Gramaticais, é o significado da abreviatura ISHING, grupo formado por Samurai nas produções e Raf Tag no microfone. Kuando pegámos no trabalho, assim de primeira vista, até parece uma coisa mesmo profissional, gravada em estúdios propícios, idéias ke nos é sustentada pela beleza da capa, pela qual temos de parabenizar o Samurai. Mas o que interessa, não é a magnificência da capa, não se o CD é de marca, de estúdio ou mesmo se a gravação tem mais ou menos qualidade (a qualidade deste aliás não é das melhores o ke foi prontamente justifikado pelo duo na kontrakapa), o ke mais importa...é o conteúdo. As produções, as rimas, e a kadência (ou komo já tenho chamado noutras krítikas a "largada") são os elementos ke irão ser analisados aki.

O EP (apesar de ter 11 faixas mais uma escondida, tem uma intro e dois interlúdios o ke reduz o disko para 9 sons propriamente ditos), a Ciphra da Lua Negra começa com uma introdução - Angústias e Guerras -  ke, para além de ser um "biti" mto forte, mostra bem o ke podemos esperar ao longo do trabalho....uma músika eskura, e kuase ke poderei dizer aterrorizadora. Segue-se uma das músikas mais "ouvíveis" do disko, com uma produção inegavelmente forte ke mais uma vez lembra um filme de terror, com um sample de violinos de orquestra e vozes fantasmagórikas, e com um "chateado" Raf Tag rasgando-o. No entanto o Raf ke komeça bem, acaba por se estikar demais neste som e mostrar logo os seus dois lados (o bom e o mau). A letra deixa perdido ao fim de umas kuantas kuadras, kualker interessado em seguir a sua idéia, porke parece ke ele ker dizer muita koisa ao mesmo tempo, e numa mescla de poesia com rimas assassinas e uma fúria impiedosa com a sua "largada", akeles 5m48 akabam por tornar um som ke era agradável em mais um som para saltar (e tentem contar as vezes ke ele usa o jogo interior/exterior). No entanto, apesar da mistura de idéias, é bastante claro ke o Raf tem a sua visão muito característika do mundo, polítika e religião principalmente, e ke não usa simplesmente palavras complikadas para confundir o ouvinte, simplesmente eskolheu a via complexa para se expressar e torna-se difícil segui-lo. Poltergeist começa a decadência do trabalho. A produção desta vez é horrível e inaudível por mais de 30 segundos, e o primeiro verso de Raf é completamente desinteressante, não me prendendo a atenção e dando razão a segunda metade do título da faixa (A Mensagem Distorcida). No entanto, na condição de ouvido krítiko consegui chegar ao fim da músika para ouvir não sei kom ke sensação o seguinte: " A paz só existirá kuando a população beber o sangue dos santos, padres e dos perfeitos polítikos abundantemente"; "A liberdade só reinará kuando a sociedade civil enfrentar akeles ke komem os seus direitos e as suas crianças, e alimentar as madres grávidas kom os abortos da juventude, karregada de toneladas de ignorância sob a formas de krenças". Isto não é completamente claro, e estou em krer ke o Raf diz essas koisas para realçar a sua revolta e leva as koisas a esses extremos, mas TALVEZ eskondendo a mensagem súbtil de ke o nosso inimigo são as religiões e polítikos korruptos  (daí o beber o sangue dos santos padres e polítikos). A cena das madres é para mim incompreensível (alimentá-las com abortos da juventude???!?!?!), mas konkordo com a parte das krenças. E isto prova mais uma vez ke o Raf tem a sua maneira de vêr as koisas, tem opiniões formadas, e não usa simplesmente essas comparações recheadas de palavras pomposas e komplexas para confundir o ouvinte (mas podias ser mais claro OH RAF). Este segundo verso é muito mais directo e com muito mais mensagem ke merece análise: "É tempo sim de os angolanos deixarem de pensar com as bilhas/ jovens libertem-se dos griões ke vos prendem na vossa meskinha vida/ façam kom ke os vossos kaminhos não akabem por dar numa estrada perdida". Fikem atentos às "pedras" ke o Raf atira ao longo do trabalho kom a sua mania de kantar tudo de uma vez sem parar para ir buskar fôlego, fikando a impressão ke tem de gravar tudo de um só take (neste som é bruskrasmente).

Mais um interlúdio ke parece ter sido feito no epicentro, aterrorizador e condenando-nos a todos a irmos para o inferno( We’re Goin’ To Hell). O interlúdio em si é forte, mas o Samurai fatiga repetindo as vozes vezes sem kontas.

O tema ke se segue é o meu eleito para favorito, reúne mais uma produção forte de Samurai e um tema podemos mesmo usar o termo cirurgicamente desenvoldido  por Raf Tag, mostrando aki para além da sua kreatividade, conhecimentos médikos (???) (também é facto ke me pode ter enganado, pois n sou grande conhecedor nesse ramo), deskrevendo por suas palavras (mais uma vez exageradamente macábras - mas isto é afinal horrorcore não é?-). Só um detalhe, posso não entender muito de medicina mas sei que a dor não faz gelar todas as células do meu korpo....terá sido só uma hipérbole raf? Vozes do Pânico mais um som 666 de produção menos agradável, mas mais uma vez a abordar temas interessantíssimos ke no entanto podem akabar por passar despercebidos. Ele começa logo por acusar o mundo de se ter tornado satânico após os sete dias ke levaram a sua kriação de acordo com a igreja católika, e akusando os poderes capitalistas do mundo de criarem doenças em laboratórios, nomeadamente o SIDA e ke depois são testadas nos países de terceiro mundo com a concordância dos nossos líderes (labotarial, falcimente e camufulam são alguns dos tijolos ke raf atira aki). Mais uma vez uma mensagem ke mais bem trabalhada poderia resultar numa músika extramente importante, mas ele consegue de novo cansar-nos com akela gritaria sem tréguas.

O Meu Habitat tem mais uma produção ke não é digna de muitos comentários (desta vez a cargo do próprio Raf), e um tema ke lembra um pouko o freestyle do Fuse numa das mixtapes do bomberjack, e um outro tema do mesmo artista (O Começo), não kerendo com isto akusar ninguém de plágio, até porke só o tema é q é similar. Raf faz uma caminhada ke começa na mutamba, passa na sua kasa e pela temátika de fauna carnívora deduzo ke tenha passado em algum zoológiko....e finalmente tudo não passou do livro do ISHING como ele próprio nos esklarece "só para te elucidar este era o meu manual dos répteis (desde kuando a hiena é um réptil?)". Mais um interlúdio (o menos interessante de todos)  e mais uma atemorizante faixa Terror Punchlinez e não há muito a dizer sobre eles, aliás...a ciphra entra aki na sua onda monótona e inevitavelmente aborrecida, monotonia ke só é (mal ) kebrada pelo faixa extra ke é nada mais do ke uma aberração, ruído da produção e ruído de gritos já asfixiados de um Raf visivelmente zangado com alguma coisa ke não dá para perceber o ke, já ke o som é completamente inaudível, excepto talvez para kem o ache agradavelmente diferente e criativo, para kem tenha a mania do tão aclamado underground.

Para finalizar esta krítika devo dizer ke o horrocore é um ramo delikado do hip hop para ser explorado e nesta primeira abordagem dos ISHING o resultado deixa muito a desejar, o ke nos deixa esperançosos ke os elementos do grupo com o tempo mudem a linhagem, e usem a sua criatividade para fazer sons com os mesmos temas mas abordados de forma mais "aceitável". Por outro lado, respeito e apoio a atitude de se kebrar o molde do aceitável e imporem o seu som a kem kiser ouvir, simplesmente se o som kontinuar a ser este, eu não serei um desses ouvintes. O Samurai demonstrou uma evolução muito grande em termos de produção, por isso akredito e espero ke kontinue nessa trajectória ascendente, e o Raf, tem um problema de raiva mal direccionada e habilidades mal polidas por resolver, o rapper aparenta ter raiva de tudo o ke existe eskecendo-se ke vive num mundo e não vive nele sozinho (estou solidário com o seu sentimento porke eu próprio o sinto às vezes), e kulpa toda a gente pelo burako em ke habitamos (a esfera terrestre) não kerendo encontrar culpados específikos para problemas pontuais. E a sua "largada" precisa definitivamente de ser actualizada, a sua entoação não muda ao longo do EP, e acaba por fazer um som parecido com o anterior.

Por outro lado, muitos parábens ao hip hop nacional ke komeça finalmente a dar passos solitários sem esperar por reconhecimento de editoras e patrocinadores.

                                                                                                                                    4/10

Ikonoklasta


Até ao momento da publicação dessa crítica, não tínhamos info sobre como obter cópias desse disco, mas num assunto relacionado, leia a entrevista com Raf Tag.

<<==-

Copyright 2002 provisorios.tripod.com